terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tratamento Odontológico aos Pacientes com Doenças Hematológicas

Atendimento gratuitoCAPE - FOUSP (Faculdade de Odontologia da USP)
Av. Prof. Lineu Prestes, 2227 - Butantã, São Paulo - Cidade Universitária.
Às terças, às 9h, e às quartas, às 14h.
É preciso marcar consulta pelo telefone: (11) 3091-7859





Ortodontia

1. Quais são as doenças hematológicas mais comuns na infância e como elas alteram a cavidade bucal?

Mais de 50% das doenças hematológicas na infância são as leucemias ou os linfomas. Nessas condições, ocorrem algumas mudanças na cavidade oral: hipertrofia gengival com hematomas, dor e infiltrações, úlceras e palidez da mucosa e linfadenopatia (aumento anormal das glândulas linfáticas).

2) É possível realizar o tratamento ortodôntico em crianças com doenças hematológicas?
As pesquisas clínicas demonstram que é mais prudente não instalar o aparelho ortodôntico (aparelho fixo), devido às limitações causadas pelas drogas e pelos procedimentos terapêuticos. Aparelhos ortopédicos (móveis) e/ou contenção com forças leves podem ser utilizados desde que a criança esteja estabilizada hemodinamicamente e o profissional tenha conhecimento da terapia utilizada e das modificações bucais nesses pacientes, além da avaliação de exames laboratoriais.


3) Como devem ser atendidos os pacientes já submetidos ao tratamento ortodôntico e com diagnóstico de doença hematológica?
Alguns autores acham prudente a remoção do aparelho ortodôntico (fixo) e a instalação de uma contenção apropriada. Após completar a terapêutica adequada para a doença e apresentar dois anos de estabilidade no caso, o tratamento ortodôntico pode ser feito. É importante estar atento às características do aparelho de contenção para evitar trauma e irritação da mucosa, monitorando a saúde periodontal a fim de prevenir infecções. O cirurgião dentista deve ter conhecimento das drogas que fazem parte da terapia e de suas modificações na cavidade bucal.

Implantes odontológicos

1) Os implantes são contra-indicados para pacientes hematológicos?
Não, as contra-indicações para implante são as convencionais: doenças com deficiência de formação de colágeno e falta de suporte ósseo para a colocação dos implantes. Nos pacientes hematológicos, o importante é o momento clínico: se o paciente estiver na remissão completa da doença, não há contra-indicação. Se a doença estiver em atividade e houver a necessidade de realização de radioterapia ou quimioterapia, existe a possibilidade de processos infecciosos no local do implante que podem prejudicar a condição clínica do doente.

2) Como saber se o paciente está pronto para receber o implante?
A comunicação com o médico para conhecimento da condição clínica do paciente é fundamental. A avaliação laboratorial (hemograma e coagulograma) é uma ferramenta importante no momento da escolha desse tipo de tratamento. Se essas condições são favoráveis e todos os cuidados convencionais para a colocação dos implantes estiverem adequados, o paciente pode receber os implantes.

3) Qual a principal complicação?
É a mesma de qualquer cirurgia de implantes: a infecção, à qual os pacientes estão mais suscetíveis por estarem imunossuprimidos. É por isso que a presença da doença e seu tratamento são limitantes para esse tipo de tratamento para reabilitação oral.

Próteses móveis

1) É necessário algum cuidado especial ao paciente com linfoma ou leucemia?
Em períodos pós-quimioterapia, o paciente hematológico apresenta uma condição de pancitopenia (na qual há a redução da produção de células sangüíneas) e, por isso, a predisposição a infecções e sangramentos. Portanto, qualquer situação de trauma bucal pode levar o paciente á hemorragia, além de deixá-lo suscetível a quadros de infecção disseminada por via hematogênica.

2) Como prevenir as infecções em próteses removíveis?
As principais infecções em portadores de próteses removíveis são as infecções fúngicas, que são infecções oportunistas que ocorrem em situações de imunodepressão e higienização inadequada. A orientação é reduzir o tempo de uso da prótese nessas condições (ex.: dormir sem prótese). A higienização da prótese deve ser rigorosa, além da limpeza de todas as mucosas onde a prótese se assenta. O uso de pastilhas efervescentes para a limpeza das próteses tem sido um recurso auxiliar bastante eficaz.

3) Há algum cuidado especial quando o paciente tem mucosite oral?
Sim, a mucosite oral decorrente da quimio e/ou radioterapia leva o paciente a um quadro de ulcerações bucais que dificulta o uso da prótese e da mastigação, além de predispor a quadros infecciosos. Deve-se orientar o paciente a: utilizar a prótese somente nas refeições, intensificar os cuidados de higiene bucal e da prótese e utilizar solução bactericida e bacteriostática não agressiva à mucosa oral, como a solução de clorexidina aquosa.

4) É possível evitar o traumatismo bucal?
Sabe-se que os traumatismos em portadores de próteses móveis são freqüentes, mas um bom planejamento na elaboração da prótese e a orientação quanto ao tipo de alimento a ser ingerido pode ajudar a reduzi-los.

5) A freqüência de avaliação odontológica é diferente nesses pacientes?
Sim, se orientamos os pacientes convencionalmente a virem ao consultório a cada seis meses, precisamos acompanhar esse grupo de pacientes com maior freqüência, a cada três meses. Se houver complicações bucais como a mucosite, pode ser necessária uma avaliação semanal.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fases do TMO (Transplante de Medula Óssea)


TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA
PASSO A PASSO (Importante que você leia. Quem sabe não decide se cadastrar?)
Como é o transplante para o paciente?




Podemos considerar 5 etapas importantes para a realização do TMO:
-1º Etapa: Fase Pré-TMO
Os serviços de transplante desenvolvem reuniões, incluindo médicos (oncologistas, hematologistas e pediatras), enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, para discussão dos casos que possuem indicação ao transplante.
Em um segundo momento, são realizadas reuniões com pacientes e familiares para esclarecer cada procedimento a ser realizado e apresentação da equipe. A família recebe orientações sobre como proceder nos períodos de permanência com o paciente e sobre a importância da colaboração deste no estímulo e auxílio nas atividades diárias.
Após receber os esclarecimentos necessários, o paciente ou responsável legal assina o termo de Consentimento Informado.
Após esse processo, a data do transplante será agendada. Para iniciar o tratamento, o paciente necessitará de um cateter venoso. Este será instalado em centro cirúrgico e será implantado por médico (a). O cateter é um acesso em uma veia de maior calibre de longa duração, através do qual o paciente receberá quimioterapia, transfusões, antibióticos, medicamentos, e principalmente, será pelo cateter que será feita a transfusão de células mãe da medula óssea do doador (transplante).
Condicionamento
É a fase que o paciente preparará o seu corpo para receber as células sadias da medula óssea (transplante). Isso é feito com altas doses de quimioterapia e em alguns casos também radioterapia e tem a finalidade de destruir todas as células imunes para que o paciente possa receber a nova medula óssea.
Durante o período de quimioterapia e radioterapia, o paciente poderá ou não apresentar alguns efeitos colaterais. Vamos citar os mais comuns e algumas orientações que poderão ajudar a evitá-los ou amenizá-los.
NÁUSEAS, VÔMITOS E PERDA DE APETITE
· Priorizar alimentos pouco temperados e se alimentar de 3 em 3 horas;
· Comunicar sempre náuseas e vômitos para que possa ser medicado, evitando ficar sem se alimentar;
· Mesmo sem apetite ou sem sentir o sabor dos alimentos é importante que você se esforce e mantenha uma boa alimentação, pois seu organismo necessitará de forças para a recuperação. Este efeito é muito comum e temporário.
MUCOSITE
São feridas que podem ocorrer em todo trato gastrintestinal, desde a boca até o ânus. Aqui vão alguns cuidados para ajudar a evitar a ocorrência de mucosite na boca e garganta que são os locais mais frequentes:
· Escovar os dentes delicadamente ao se levantar, ao se deitar e após a ingestão de qualquer alimento;
· Realizar os bochechos e gargarejos rigorosamente nos horários e com as soluções fornecidas pelo hospital;
· Manter a boca hidratada, ou seja, beba no mínimo 2 litros de água por dia.
DIARREIA
Diarreia pode ser considerada quando ocorrem episódios de fezes líquidas ou aumento de frequência das evacuações durante o dia.
· Comunicar a enfermagem a ocorrência de diarreia e qualquer alteração observada nas fezes como sangue ou muco;
· Utilizar comadre em caso de fezes líquidas para que possam ser avaliadas pela enfermagem;
· Após cada evacuação, não usar papel higiênico, realizar sua higiene no chuveiro ou utilizar compressa macia umedecida (não reutilizar). Isto tem a finalidade de impedir que fique resíduo de fezes na região do ânus (o que poderia causar infecção), evitar assadura e evitar ferir a pele e mucosa já tão sensíveis pela ação da quimioterapia ou radioterapia.
OBSTIPAÇÃO INTESTINAL (Mau funcionamento do intestino)
Comunicar diariamente o número de vezes que evacuar e a consistência das fezes, para o acompanhamento do seu hábito intestinal e para que sejam tomadas medidas preventivas para obstipação.
É importante evitar esta ocorrência, pois fezes endurecidas podem provocar feridas no ânus, podendo levar a sangramento e infecção, além de tornarem a evacuação bastante dolorosa.
Evitar ficar deitado por muito tempo. Procure beber bastante líquidos e andar pelo quarto, pois isso ajuda seu intestino a funcionar melhor.
ALOPÉCIA (Perda dos cabelos)
A perda de cabelos pode ocorrer no corpo inteiro ou ficar restrita a uma área. É um problema estético que não pode ser evitado, mas não deve ser supervalorizado, pois é temporário e em geral não representa nenhum risco real para o paciente.
Certamente seu cabelo cairá durante o transplante, pois é um efeito colateral do tratamento. A queda de cabelo poderá causar muito desconforto, além de ter um risco de propiciar infecção devido aos fios que entram em contato com o cateter, portanto, é necessário que você raspe o cabelo e corte suas unhas antes e iniciar o tratamento.

-2º Etapa: Dia Do Transplante: Infusão da Medula Óssea (D Zero)
Depois de se submeter ao condicionamento, o paciente recebe a medula sadia (infusão no Dia “zero”, D zero) como se fosse uma transfusão de sangue através do cateter. As células progenitoras do sangue transfundidas são levadas pela corrente sanguínea e se dirigem até a medula óssea, aonde vão se instalar e começar lentamente o processo de recuperação ou “pega” medular.
A bolsa em que a medula é transportada conterá, além da medula, um líquido conservante que poderá causar alguns sintomas como náuseas, vômitos, sensação de calor, desconforto na garganta, tosse seca, formigamento entre outro. Poderá haver alteração de sua pressão arterial e batimentos cardíacos, por isso será necessário que o paciente permaneça monitorado.
É um procedimento rápido, em média 2h de duração, após isto o paciente estará apto a retomar suas atividades do dia. Se as células transplantadas forem de cordão umbilical, o procedimento é realizado em 20 minutos. Algum familiar pode estar presente no momento do transplante.
Devido à fragilidade do paciente após o TMO, este deve ser mantido internado no hospital para receber os cuidados necessários.
Alguns cuidados especiais são realizados neste período:
Controle dos sinais vitais:  controles de temperatura, pulsos, respiração e pressão arterial também serão verificados frequentemente, inclusive durante a noite.
Controle de líquidos recebidos e eliminados. O paciente deverá anotar todo líquido que beber e reservar a urina que eliminar em um recipiente. Esse procedimento ajuda a equipe avaliar a função renal.
Controle de peso: Importante para avaliar diariamente as condições nutricionais evitando a desidratação e a desnutrição do paciente.
ATENÇÃO: A colaboração do paciente é muito importante, pois condutas médicas serão tomadas com base nessas informações.

3º Etapa: Período Pós-Transplante
Essa fase conhecida como aplasia medular caracterizada pela queda do número de todas as células do sangue (leucócitos, plaquetas e hemácias).
A quimioterapia provoca a queda da produção de todas as células do sangue, não somente das células doentes. O baixo número de glóbulos brancos, principalmente os neutrófilos, predispõe às infecções bacterianas, fúngicas, virais e protozoários. Neste período o paciente fica sem capacidade de se defender das infecções, recebendo inúmeros antibióticos. É muito comum o paciente apresentar diversos episódios de febre, tremores e calafrios. Nos picos de febre, são colhidas amostras de sangue para identificar o agente que está causando a infecção. Esse procedimento serve para combater a infecção com antibiótico/antiviral ou antifúngico específico.
Durante o período em que as células transplantadas ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente, o paciente recebe tratamento de suporte através de transfusões de glóbulos vermelhos e plaquetas, recebe medicamentos que estimulam a produção dos glóbulos brancos, importantes para defesa contra as infecções.
Esta fase é bastante crítica, pois o paciente estará sujeito a infecções e sangramentos, por isso os cuidados a seguir são extremamente importantes:
Cuidados para evitar infecções:
· Reforçar os cuidados com a Higiene
· Usar máscara quando for necessário sair da unidade de transplante (TMO);
· Limitar o número e a frequência das visitas;
· Evitar contato direto com outras pessoas (beijos, abraços, proximidade ao falar, incluindo do acompanhante);
· Usar roupas e toalhas limpas;
· Lavar sempre as mãos: após ir ao banheiro, antes das refeições;
· Manter-se ativo, evitando ficar deitado por muito tempo, assim estará prevenindo a infecção pulmonar
· Não se coçar, não espremer espinhas
Cuidados para evitar sangramentos:
· Ter cuidado ao se movimentar para evitar quedas e ferimentos
· Não se barbear ou depilar
· Não retirar cutículas e não cortar unhas rentes
· Manter-se ocupado com atividades seguras (leitura, crochê, jogos)
· Cuidados ao escovar os dentes e não utilizar fio dental
· Não retirar peles soltas ou crostas de feridas
· Comunicar caso ocorra menstruação, outros sangramentos ou hematomas
· Comunicar a enfermeira qualquer alteração observada (secreções, dores, feridas, cansaço, tonturas, tremores e calafrios).

4º Etapa: “Pega Medular” ou recuperação da medula óssea e prevenção da rejeição
Denomina-se de “pega” medular, o momento após a transfusão das células da medula quando esta já consegue produzir cada célula do sangue em quantidades suficientes.
O paciente pode acompanhar e perguntar ao médico sobre como sua medula está trabalhando!
A pega medular acontece quando:
· A contagem plaquetária (número de plaquetas) alcança 20.000/mm3, sem necessidade de transfusão por dois dias seguidos.
· Quando os glóbulos brancos ficam acima de 500/mm3, também por igual período.
· É importante saber que este tempo de recuperação é variável, ou seja, não é igual para todos os pacientes! Dependendo do tipo de transplante e da fonte de célula, o prazo para recuperação se modifica. Existem também medulas mais preguiçosas e outras mais precoces! O paciente deve ter paciência e fazer sua parte!
Após a recuperação ou “pega” da medula, podem ser necessárias transfusões e uso de medicamentos na veia. Só que após a pega da medula o tratamento poderá ser feito no “Hospital dia”, o paciente recebe a medicação durante o dia e vai dormir em casa.
A complicação mais frequente do transplante de medula óssea está associada a problemas de incompatibilidade e é denominada Doença de Enxerto Contra Hospedeiro (DECH), popularmente conhecida como “rejeição”, na qual as células do doador transplantadas reconhecem as células do organismo do paciente como ‘estranhas’ e desencadeiam uma resposta imunológica contra o organismo do paciente.
A rejeição atinge principalmente: pele, trato gastrointestinal e fígado. Essa situação acontece porque a medula óssea produz glóbulos brancos (linfócitos) treinados para defender nosso organismo dos invasores (bactérias, fungos, vírus e protozoário e têm uma função de reconhecer o que é estranho ao nosso organismo). Após o TMO, a nova medula óssea produz linfócitos (glóbulos brancos) que reconhecem o organismo do paciente como estranho, o que acarreta uma resposta imune que destrói e agride as células de alguns tecidos e órgãos do paciente.
Para evitar uma forte rejeição, são prescritos ao pacientes remédios anti – rejeição, os chamados imunossupressores. Os medicamentos imunossupressores diminuem ação das células imunes transplantadas contra o organismo do paciente.
A ocorrência da rejeição em suas formas leves e limitadas também é importante para a prevenção da recaída da doença. Possui um efeito protetor, pois agride as células doentes, levando à uma menor chance de recaída. Essa resposta é denominada efeito Enxerto X Leucemia (graft-versus-. leucemia effect- GVL no inglês).
Observação: A doença enxerto versus hospedeiro é maior, quanto maior a diferença do doador para o receptor, portanto se relaciona ao exame de compatibilidade (HLA).
No transplante autólogo não há rejeição, já que a medula transplantada é do paciente- receptor.

5º Etapa: Cuidados Após Alta
· Tomar seus medicamentos rigorosamente como prescritos pelo médico. Quando sair de casa leve os medicamentos com você para que possa tomá-los nos horários corretos;
Atenção: Se tiver dificuldades em tomar os medicamentos, não pare de tomar – comunique ao seu médico!
· Providenciar para que a casa esteja limpa antes de sua chegada; nos primeiros três meses e que de preferência você tenha um banheiro individual;
· Usar protetor solar fator 30 ou 50 em todas as partes expostas ao sol quando sair de casa, mesmo se permanecer na sombra;
· Ao caminhar, evitar horários de sol forte;
· Reduzir ao máximo o número e frequência de visitas em casa pelo menos nos dois primeiros meses após o transplante;
· Evitar locais com um fluxo grande de pessoas, por exemplo: cinemas, shows, casas noturnas, restaurantes cheios, pelo menos nos 100 primeiros dias pós transplante. O importante é seguir as orientações de seu médico.
· Evitar contato com crianças pequenas, pois elas podem transmitir doenças como catapora, sarampo, caxumba, mesmo que ainda não estejam manifestando sintomas;
· Não entrar em contato com pessoas que receberam em menos de um mês vacinas contra sarampo, rubéola e Sabin ( para poliomelite), pois estas vacinas utilizam vírus atenuados que podem lhe provocar doença;
· Não manter contato com animais;
· Evite ficar acamado, procure atividades que lhe deem prazer e que sejam seguras como: leitura, jogos, tricô, atividades de computador…
· Não entrar em contato com pessoas com febre, tosse e gripe;
· Não retirar cutículas, fazer depilação ou se barbear enquanto seu número de plaquetas estiver menor de 50.000 (informação que será dada pelo seu médico na consulta de retorno);
· Não usar absorvente interno;
· Retomar atividade sexual apenas com contagem de leucócitos e plaquetas normais.
Avise seu médico se houver:
· Temperatura corporal maior que 37,8 C;
· Tremores e /ou calafrios mesmo sem febre;
· Tosse, catarro, falta de ar;
· Diarreia;
· Enjoos e vômitos freqüentes;
· Presença de sangramento (nasal, nas fezes, urina, boca), pontos vermelhos pelo corpo;
· Presença de secreção, vermelhidão, coceira ou dor no local do cateter;
· Ocorrência de acidentes domésticos;
· Ocorrência de tonturas, fadiga, palpitações, dores persistentes ou ardor para urinar ou evacuar;
· Aparecimento de alterações na pele, como vermelhidão, descamação, coceira, bolhas e feridas.
Faça sua parte! O sucesso do seu tratamento também depende de você!
Complicações após o transplante são frequentes e esperadas. O acompanhamento cuidadoso permite que muitas destas alterações sejam detectadas precocemente e tratadas de forma adequada.
A reintegração do transplantado à sociedade deve ser considerada tão importante quanto o acompanhamento da doença. O apoio de familiares e dos grupos multidisciplinares é fundamental para a sua recuperação como indivíduo e para a melhoria de sua qualidade de vida.

PERCEBERAM COMO É SOFRIDO? PORQUE NÃO FAZER A DIFERENÇA NA VIDA DE ALGUÉM? SEJA UM DOADOR DE MEDULA ÓSSEA!




quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Novas técnicas abrem possibilidade de transplante de medula óssea em idosos




Mudança do perfil do transplantado se deve à descoberta de novas drogas e à evolução de técnicas médicas de outras instâncias para fazer os assentamentos.



A descoberta de novas drogas e a evolução de técnicas médicas têm mudado o perfil dos pacientes que recebem transplante de medula óssea de doador – aparentado ou não. Há 15 anos, por conta dos riscos, pessoas com mais de 55 anos não eram submetidas ao procedimento. Hoje, hospitais particulares e universitários já fazem o transplante naqueles com mais de 70 anos. A mudança no perfil do transplantado foi um dos temas do 16.º Congresso da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), no mês passado.


Dois estudos recentes dão esperanças às pessoas com mais de 70 anos que precisam de transplante de medula óssea de um doador, os chamados transplantes alogênicos. Um deles foi o levantamento feito pelo Registro Internacional de Transplante de Medula Óssea (CIBMTR, na sigla em inglês), com base em outras pesquisas, que encontrou resultados similares em pacientes jovens e idosos para o chamado transplante não mieloablativo – isso quer dizer que a medula óssea do paciente não precisou ser bombardeada por altas doses de radioterapia ou químio.

“Os médicos chegaram à conclusão de que nem sempre é necessário. Pode-se dar menor dose de químio ou de rádio, só para permitir que a célula do doador seja enxertada no paciente. Essa célula é capaz de fazer algumas reações imunológicas e lutar contra a doença, como, por exemplo, a leucemia”, explica Nelson Hamershlack, hemoterapeuta do Hospital Israelita Albert Einstein e sócio fundador da SBMTO.
Essa é uma das técnicas utilizadas no Hospital Universitário da Unicamp. “Ela reduz de maneira importante a toxicidade do procedimento. É uma técnica consolidada no mundo inteiro e no Brasil e permitiu que pessoas mais combalidas fizessem o transplante”, afirma o onco-hematologista Carmino Antonio de Souza, presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

Outro estudo foi feito em parceria pelo MD Anderson Cancer Center, no Texas, e o Einstein. Nesse caso, foram analisados 79 pacientes, com idades entre 55 e 76 anos, que tiveram a medula suprimida (transplante mieloablativo) com medicamentos mais modernos e menos tóxicos. “Esse estudo mostrou que em pacientes sem doenças associadas, como diabetes, hipertensão, cardiopatias, os resultados também foram semelhantes aos dos mais jovens”, aponta Hamershlack. Dos pacientes, 71% tiveram remissão completa.
Expansão. Para o médico, os dois estudos “documentam” que o transplante alogênico é possível em pacientes mais velhos, dependendo do tipo de doença e a condição física. “Nosso pleito ao Ministério da Saúde é de expandir a idade dos pacientes. Há um envelhecimento da população por causa da melhor qualidade de vida. Nessa idade mais avançada, doenças como leucemia e síndrome mielodisplásica são mais prevalentes”, afirma o médico. “A SBTMO já chegou a um consenso. Há possibilidade de expandir a idade do paciente, em vez de privá-lo dessa solução terapêutica importante.”
Hoje, a portaria ministerial estabelece que o Sistema Único de Saúde (SUS) reembolsa gastos com transplantes autólogos (em que são usadas as células-tronco do próprio paciente) em pessoas com até 75 anos; transplante de doador aparentado, com supressão da medula, para aqueles com até 65, e até 60 anos para transplante com doador não aparentado.
“Uma regra dessa acabaria com a possibilidade de o meu pai nascer de novo”, resume o advogado Diego Nicolau Rodriguez, de 29 anos, filho do cirurgião cardiovascular Antonio Rodriguez Souza, de 74 anos, que recebeu a infusão de células-tronco da irmã, de 82, no mês passado.
O médico, que sofria de mielodisplasia – mal funcionamento da medula óssea, que leva à produção inadequada das células sanguíneas –, passou pelo procedimento no Einstein, em 1.º de agosto. Durante mais de ano, Souza foi tratado com medicamentos e transfusões de sangue, até que o estado de saúde se agravou e o transplante se tornou a única alternativa.
“Foi traumático, mas foi um sucesso. Mostra que uma pessoa mais velha pode tanto ser doadora como receptora. Meu pai já não tinha chance nenhuma. Agora, poderá ver o casamento da minha irmã, daqui a seis meses.”
(Fonte: Estadão/SP)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Transplante de Medula Óssea

No Brasil, a média de pessoas que necessitam de Transplante de Medula Óssea, hoje, gira em torno de 2.500 pessoas. Quando existe a indicação para esse procedimento, inicia-se uma corrida contra o tempo. Primeiro a pesquisa para localizar um doador compatível é iniciada na família, cuja probabilidade de sucesso é de 25%. Mais de 70% dos pacientes terão que recorrer ao Cadastro de Doadores Voluntários Não Aparentados. A partir desse momento a chance de encontrar uma medula compatível começa a se tornar mais difícil. No ano de 2009 o Brasil atingiu a marca de 1 milhão e 300 mil doadores cadastrados tornando-se assim o 3º maior banco de doadores voluntários do mundo. Em primeiro está os EUA seguido da Alemanha, em segundo. Todavia esse número aida é insuficiente para atender a demanda, pois a chance de se encontrar uma medula compatível entre doador e receptor pode chegar em 1 em 1 milhão.

Para se cadastrar como Doador Voluntário de Medula Óssea é preciso:

  • Dirigir-se ao Hemocentro mais próximo de seu domicílio
  • Ter entre 18 e 55 anos
  • Ter bom estado de Saúde
  • Colher uma amostra de sangue (4ml) para o exame de compatibilidade (HLA)
  • Fornecer os dados cadastrais, levar CPF e RG.

O que é medula óssea?

É a matriz do sangue, um tecido líquido e se localiza na parte interna dos ossos semelhante ao, popularmente conhecido, "tutano" do osso de boi. Na medula óssea estão às células-mãe responsáveis pela produção dos componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. Pelas hemácias, o oxigênio é transportado dos pulmões para as células de todo o nosso organismo e o gás carbônico é levado destas de volta para os pulmões, a fim de ser eliminado do organismo. Os leucócitos são agentes que cuidam do sistema de defesa do nosso organismo. As plaquetas são responsáveis pela coagulação do sangue. 


O que é transplante de medula óssea?

É um tipo de tratamento proposto para algumas doenças malignas que afetam as células do sangue. Ele consiste na substituição de uma medula óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula. O transplante pode ser autogênico, quando a medula ou as células precursoras de medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado (receptor). Ele é dito alogênico, quando a medula ou as células provêm de um outro indivíduo (doador). O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical.


Quem necessita dessa doação?

Pessoas que possuem doenças que comprometam a produção de sangue pela medula, como leucemias e aplasia de medula óssea e crianças com algumas doenças genéticas.
Muitas vezes, estas pessoas, têm como única chance de vida receber um transplante de medula óssea.
Esse tipo de intervenção exige que doador e receptor tenham compatibilidade total (100%). 
Tendo em vista que a chance desse paciente encontrar um doador aparentado (dentro da família) ser de apenas 25%, a maioria dos transplantes ocorrem com doadores não-aparentados (70%). A partir desse momento a probabilidade de encontrar alguém compatível pode chegar a 1 em 100.000 e fora do país 1 em 1 milhão. No Brasil, esses doadores são encontrados no REDOME – Registro Nacional de Doadores de Medula. 
Quando não se encontra no país um doador 100% compatível é necessário recorrer-se aos bancos de doadores internacionais. Diferente do Brasil, em que 90% dos transplantes é coberto pela rede pública de saúde, os valores cobrados por esse transplante em alguns países, podem custar ao paciente até U$ 120.000,00.
Em 2009 o Brasil atingiu a meta estabelecida para 2011 pelo Ministério da Saúde de cadastrar 1 milhão de doadores voluntários, tornando-se o terceiro maior banco de doadores do mundo, porém esse número ainda é insuficiente para atender a demanda no país. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Detalhes sobre Câncer Infantil. Cuidados Necessários.


Cuidados de higiene corporal


É importante manter o ambiente doméstico bem limpo, principalmente o quarto onde a criança dorme e seus brinquedos.

Banho diário é fundamental, mesmo nos meses de inverno. 
Cuidados com os dentes são importantíssimos: todas as crianças devem visitar o dentista com freqüência e escovar os dentes pelo menos 3 vezes por dia, a não ser quando o médico solicitar o contrário, devido ao risco de sangramento. 
O consumo exagerado de balas e doces deve ser evitado.


Cuidado com os alimentos


Os alimentos devem ser preparados com o máximo de higiene, lavando-se muito bem as frutas e verduras.

É fundamental a lavagem cuidadosa das mãos antes de comer e antes de preparar as refeições. 


Cuidados com doenças transmissíveis


O paciente que recebe quimioterapia é geralmente mais sucetível às infecções, porque suas defesas podem estar alteradas, tanto pelo tratamento, quanto pela própria doença.

O contato com pessoas doentes ou gripadas deve ser evitado, assim como as aglomerações humanas em shopping centers, cinemas e igrejas, por exemplo.
É preciso extremo cuidado com pessoas contaminadas com varicela (catapora) e sarampo. Se isso ocorrer, a equipe médica deve ser avisada imediatamente.
Se a criança estiver freqüentando a escola, é importante alertar a professora para comunicar quando houver outras crianças doentes na sala de aula ou na escola.
Crianças em quimioterapia NÃO devem receber vacinas, a não ser sob orientação médica.

terça-feira, 3 de abril de 2012



Oi Pessoal!!
Estamos na Semana Santa. A Páscoa tem fundamental importância para os Cristãos pois significa Renascimento.

Em função da data,  estarei postando dois links que podem fazer "a" diferença na vida da gente:

http://www.abrale.org.br/docs/dodoi/

http://www.movimentocontraolinfoma.com.br/

E olhem que legal: o link abaixo é da empresa Make a Wish, que realizou em parceria com a ABRALE  o desejo de algumas crianças e adolescentes, em tratamento de doenças onco-hematológicas. Muito bacana!!

http://makeawish.org.br/

Uma Feliz Páscoa a todos. Que Jesus nunca deixe de ser uma esperança no coração de cada um de vocês.
Grande beijo!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA by Dr. Celso Massumoto





O conceito de altas doses de quimioterapia seguidas da infusão de células-tronco hematopoéticas foi incorporado ao contexto terapêutico com a finalidade de cura para uma série de neoplasias hematológicas e tumores sólidos. A utilização desta estratégia terapêutica é conhecida como transplante de medula óssea (TMO).
        Existem três tipos de transplante: o alogênico, o autólogo e o singênico. No transplante alogênico, a medula óssea é retirada de um doador previamente selecionado por testes de histocompatibilidade, normalmente identificado entre os familiares ou em bancos de medula óssea. No transplante autólogo, a medula óssea ou as células tronco periféricas são retiradas do próprio paciente, criopreservadas e reinfundidas após o regime de condicionamento. O transplante de medula óssea entre gêmeos univitelinos é denominado singênico. Mais recentemente, o transplante com células do cordão umbilical vem sendo empregado em alguns centros para o tratamento de crianças e adultos jovens, principalmente portadoras de leucemias agudas. O objetivo é promover o enxertamento das novas células no organismo do receptor, gerando uma mistura celular e a seguir, como as células enxertadas são mais resistentes, elas passam a proliferar e destruir as células tumorais remanescentes no receptor.
        A indicação do transplante depende, em geral, da fase da doença em que os pacientes se encontram. A realização do transplante consiste na retirada da medula óssea da crista ilíaca posterior através de múltiplas aspirações por agulhas especiais para este procedimento ou pela retirada com máquinas de aférese (processadores celulares) das células tronco periféricas estimuladas. Estas células, após a infusão no receptor, vão circular na corrente sanguínea e por um mecanismo tropismo (mediado por citocinas) se alojam na medula óssea iniciando a reconstituição hematopoética do paciente. Estas células marcam-se fenotipicamente como CD34+ e tem uma alta capacidade proliferativa.
        Durante duas a três semanas após a infusão da medula óssea, o paciente permanece em aplasia medular intensa (fase em que os leucócitos, glóbulos vermelhos e plaquetas permanecem baixos) enquanto não ocorre a enxertia. A neutropenia severa predispõe à infecções bacterianas, fúngicas, virais e protozoários. Após este período, os leucócitos começam a aparecer no sangue periférico, demonstrando a recuperação medular. Milhares de transplantes de medula óssea foram realizados nos últimos quinze anos e a maior experiência se concentra nas leucemias linfoblásticas, mielóide aguda, mielóide crônica e anemia aplástica severa.




NÃO SE ESQUEÇA:   Qualquer pessoa com boa saúde entre 18 e 55 anos poderá ser um doador de Medula Óssea. Será coletada uma amostra do sangue para realização de sorologia e tipagem HLA (exame que identifica sua genética). Os resultados serão armazenados em nossos computadores. Caso haja um paciente compatível, o doador será convocado para a realização de outros testes de comprovação. Se a compatibilidade for comprovada, o doador será chamado para a doação da Medula Óssea. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Quimioterapia de altas doses e transplante autólogo de células progenitoras da medula óssea

1. Introdução Nos últimos trinta anos, muitos protocolos de quimioterapia combinada foram desenvolvidos para tratar a maioria das neoplasias hematológicas. Estes protocolos utilizam drogas com pouca toxicidade cruzada e são baseados no conceito de um melhor controle da neoplasia com a utilização de múltiplos agentes quimioterápicos. Embora em diversas doenças o tratamento com a quimioterapia convencional tenha alcançado respostas objetivas em muitos pacientes, para outros a resposta ao tratamento é pobre ou não é duradoura. Por estas razões, para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas foi necessário criar mecanismos para suplantar a resistência à quimioterapia convencional. Desta forma, foram realizados diversos estudos laboratoriais onde verificou-se que o escalonamento de doses de muitas drogas (para doses 5-10 vezes maiores do que as convencionais) resultou em um melhor controle de algumas neoplasias. Estes estudos iniciais permitiram o desenvolvimento de uma nova estratégia terapêutica baseada na utilização de altas doses de quimioterapia com o objetivo de aumentar a taxa de resposta ao tratamento. 2. Base teórica da quimioterapia em altas doses O princípio básico da utilização deste tipo de procedimento vem do conhecimento de que certas neoplasias apresentam uma curva dose-resposta escalonada a certos medicamentos, isto é, a fração de células tumorais mortas aumenta à medida que aumenta-se a dose do quimioterápico. Desta forma, a estratégia se baseia em utilizar doses elevadas de quimioterápicos capazes de eliminar as células tumorais e restaurar a hematopoiese com as células progenitoras previamente coletadas e criopreservadas. Na literatura médica, a denominação "Transplante Autólogo de Medula Óssea" vem sendo gradativamente substituída pelo termo "quimioterapia de altas doses e transplante autólogo de células progenitoras da medula óssea", visto que a quimioterapia em altas doses é o princípio deste procedimento, e atualmente a maior parte dos centros de transplante utiliza as células progenitoras da medula óssea ("stem cells") coletadas do sangue periférico por meio de aférese, ao invés de coletá-las da medula óssea para o restabelecimento da hematopoiese. Embora haja relatos deste procedimento de 30 anos atrás, a sua utilização mais freqüente começou nos anos 80. 3. Etapas do procedimento 3.1 Mobilização e coleta das células progenitoras A mobilização consiste na etapa em que utiliza-se de fatores de crescimento e/ou quimioterápicos para facilitar a coleta das células progenitoras. Existem vários regimes de mobilização e a droga mais utilizada é a ciclofosfamida. Após um período curto de neutropenia, é iniciada a coleta de sangue periférico via aférese, e é neste momento em que há a maior concentração de células progenitoras circulantes. A aférese é realizada ou por veia periférica ou por um cateter venoso central. Menos freqüente nos dias de hoje é a utilização da coleta de medula óssea como meio de se obter as células progenitoras. Este procedimento é realizado no centro cirúrgico com o paciente sob anestesia geral, quando são realizados dezenas ou centenas de aspirados de medula óssea na crista ilíaca posterior, com o objetivo de se obter um volume aproximado de 10 ml/Kg de medula óssea. A utilização da coleta periférica das células progenitoras permitiu que o procedimento fosse feito ambulatorialmente, sem a necessidade de anestesia geral. Outro benefício observado com este procedimento é a diminuição do tempo de recuperação medular (tempo de recuperação da neutropenia e tempo de recuperação da trombocitopenia) após a quimioterapia em altas doses e redução das necessidades transfusionais. 3.2 Criopreservação Depois da coleta, as células progenitoras devem ser preservadas para poderem restaurar a hematopoiese após a quimioterapia em altas doses. As células são criopreservadas utilizando-se geralmente um congelamento programado com nitrogênio líquido e a substância DMSO (dimetil sulfóxido) como crioprotetor, impedindo a formação de cristais intracelulares. Geralmente, o produto colhido só está disponível para reinfusão duas semanas após a coleta, durante as quais são feitos testes de viabilidade para garantir a qualidade do enxerto. 3.3 Quimioterapia Neste momento o paciente recebe a quimioterapia e/ou radioterapia em dose elevada. Os protocolos de quimioterapia são desenhados de acordo com a neoplasia que está sendo tratada: seleciona-se um grupo de medicamentos com eficácia conhecida para a doença em questão e tenta-se maximizar a intensidade de dose. 3.4 Reinfusão Após a quimioterapia, as células progenitoras são descongeladas e reinfundidas no paciente num procedimento semelhante a uma transfusão sangüínea, no mesmo acesso venoso utilizado para quimioterapia (habitualmente um cateter de longa permanência semi-implantável). 3.5 Recuperação medular Após a quimioterapia observa-se queda progressiva dos valores hematimétricos. O paciente passa por um período de aplasia que dura até a restauração da hematopoiese pelas células progenitoras que foram reinfundidas. O período de neutropenia não é prolongado, sendo habitualmente inferior a duas semanas. 4. Aplicação clínica Atualmente, a quimioterapia em altas doses representa uma alternativa terapêutica comprovada para neoplasias hematológicas. Em determinadas situações é o tratamento de primeira linha, como no caso de pacientes com menos de 65 anos e mieloma múltiplo. Na Tabela 2, estão relacionadas as doenças que são tratadas com TAMO. 5. Problemas relacionados ao procedimento As complicações do procedimento a curto prazo estão relacionadas diretamente à toxicidade não-hematológica das drogas e/ou radioterapia e à mielossupressão provocada pela quimioterapia. A mortalidade relacionada à toxicidade da quimioterapia é atualmente baixa (inferior a 5% na maioria dos centros habilitados para o procedimento). Pode surgir infertilidade a longo prazo. Embora esta seja a complicação mais freqüente, pode ser superada com métodos modernos de coleta e criopreservação de esperma ou óvulos. Outras duas complicações são a catarata (nos pacientes submetidos à irradiação nodal total) e surgimento de outras neoplasias (principalmente síndrome mielodisplásica e leucemias agudas). 6. Conclusão A utilização de quimioterapia em altas doses e auto-transplante de células progenitoras constitui hoje uma modalidade terapêutica segura e eficaz contra várias neoplasias hematológicas. Em algumas situações pode ser um tratamento curativo (como nos pacientes em recaída de Doença de Hodgkin e recaída de linfoma não Hodgkin) e em outras fornecer uma maior sobrevida a doenças ainda sem cura (como nos pacientes com mieloma múltiplo). Bibliografia 1. Hematology Basic principles and Practice Hoffman terceira edição. 2. High Dose Cancer Therapy. Second Edition.