sábado, 30 de agosto de 2014

Radioterapia


A Radioterapia compõe ao lado da cirurgia e quimioterapia o tripé do tratamento oncológico. É uma modalidade clínica que utiliza radiações ionizantes para combater o câncer. As doses de radiação e o tempo de aplicação são calculados de acordo com o tipo e tamanho do tumor. Isso é feito de modo que a incidência de radiação seja eficiente para destruir as células doentes e preserve as sadias. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 70% dos pacientes com diagnóstico de câncer serão submetidos à radioterapia em alguma fase de seu tratamento.
O serviço de Radioterapia do A.C.Camargo Câncer Center - detentor do nível máximo de Acreditação pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão das Nações Unidas (ONU) - atua de forma interdisciplinar e integrada com todos os outros serviços do Hospital. Composta por médicos radioncologistas, físicos, dosimetristas e técnicos, conta ainda com o apoio de outras equipes como a enfermagem e a nutrição, por exemplo.
À disposição dos pacientes está um completo parque tecnológico que inclui aceleradores lineares de última geração e modernas técnicas de tratamento como a Radioterapia Conformada ou Tridimensional (RT3D), Radioterapia Convencional (RT2D), Radioterapia com Modulação da Intensidade do Feixe (IMRT), Radioterapia Intraoperatória, Radiocirurgia ou Radioterapia Estereotáxica Fracionada (REF), Radiocirurgia (RCIR), Braquiterapia e Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT).

Modalidades de tratamento

A finalidade da radioterapia varia entre neoadjuvante, curativa, adjuvante e paliativa, de acordo com o quadro do paciente:
  • Neoadjuvante - Para diminuir o volume do tumor, com objetivo de facilitar a cirurgia, possibilitar a preservação de um membro, permitir uma cirurgia e menos mutiladora. Usada em tumores em reto baixo, sarcomas de partes moles e estômago.
  • Adjuvante - Quando a radioterapia é associada à quimioterapia ou a cirurgia. Aplicada em regiões na cabeça e no pescoço, do colo e corpo uterino, pulmão, esôfago,sistema nervoso central (SNC), mama, linfomas etc.
  • Curativa - Quando a radioterapia é considerada a principal arma no combate ao câncer, podendo ser associada à quimioterapia ou utilizada em casos no quais a cirurgia não é possível ou muito arriscada para o paciente. Aplicada em regiões na cabeça e no pescoço, tumores localmente avançados do colo e corpo uterino, canal anal, pulmão, esôfago, sistema nervoso central (SNC), etc.
  • Paliativa - Para melhorar a qualidade de vida do paciente oncológico, propiciando melhora da dor, redução de sangramento ou de outros sintomas.
Tipos de Radiação:

As formas de radiações ionizantes mais usadas na prática médica são as eletromagnéticas, como os raios-X e os raios gama e também as de partículas ou corpusculares como os elétrons, prótons e nêutrons. Dependendo da maneira como é aplicada, a radioterapia pode ser interna, conhecida como braquiterapia, em que fontes de radiação são colocadas dentro do tumor ou ao seu redor, podendo assim permanecer temporariamente ou permanentemente; ou externa , a teleterapia, quando a fonte produtora de radiação está distante do paciente.

Técnicas de Radioterapia:

A evolução e os avanços tecnológicos melhoraram significativamente a eficácia com a qual a radioterapia é planejada e aplicada. Vários passos podem ser executados para diminuir a toxicidade em tecidos normais, incluindo técnicas de irradiação precisas, seleção de um volume decrescente para receber doses mais altas e manobras para excluir órgãos sensíveis do campo de irradiação.
O serviço de Radioterapia do A.C.Camargo Câncer Center oferece aos seus pacientes diferentes técnicas de radioterapia que combatem de forma eficiente o tumor, minimizando os efeitos da radiação sobre os tecidos sadios.
Os tipos de tratamento com radioterapia são:
  • Radioterapia Conformada ou Tridimensional (RT3D)
  • Radioterapia Convencional (RT2D)
  • Radioterapia com Modulação da intensidade do feixe (IMRT)
  • Radioterapia Intra-operatória
  • Radiocirurgia (RCir) ou Radioterapia Estereotáxica Fracionada (REF)
  • Braquiterapia
  • Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT)
Radioterapia Conformada ou Tridimensional (RT3D)

Planejamento e tratamento baseados em tomografia ou, em alguns casos, ressonância magnética e PET-CT. Permite melhor definição do volume-alvo e proteção de estruturas normais, uma vez que estas são visualizadas e delimitadas, acarretando menor efeito colateral durante o tratamento e menor risco de sequelas. Indicada na maioria dos tratamentos curativos em cabeça e pescoço, tórax (pulmão, esôfago e mediastino), abdômen (estômago, pâncreas, vias biliares e rim) e pelve (colo do útero, bexiga, testículo, próstata, reto e canal anal). Também em pacientes obesos ou com mama muito volumosa e com tumor de mama à esquerda, que tenham recebido quimioterapia com antracíclico (droga cardiotóxica). Em casos como esses, somente com a tomografia é possível ver o coração e usar campos que reduzam o volume cardíaco irradiado. A técnica também é usada em alguns casos de metástases ósseas, viscerais ou de partes moles, com perspectiva de boa sobrevida.

Radioterapia Convencional (RT2D)

Baseada em radiografias, o que limita a visualização da lesão e estruturas normais. Técnica indicada em casos paliativos e/ou com prognóstico ruim. Também pode ser usada em situações curativas em pacientes magras, lesões de pele (elétrons), superficiais, ou mulheres com diagnóstico de câncer de mama já operadas.

Radioterapia com Modulação da intensidade do feixe (IMRT)

Técnica baseada em tomografia e, às vezes, ressonância magnética e PET-CT. Indicadas na existência de estruturas nobres muito próximas ao tumor e com menor tolerância à radiação; necessidade de aplicar altas doses no tumor; e quando o volume a ser irradiado é muito grande. É utilizada em casos de tumores de cabeça e pescoço, com o intuito de obter doses maiores e minimizar sequelas como xerostomia, tumores de base do crânio, tumores cerebrais próximos a estruturas importantes como tronco cerebral, quiasma óptico, nervo óptico, etc. Aplicada também para pacientes obesos e com tumores volumosos em que não se consegue um planejamento adequado com RT3D, como em casos de tumores de próstata volumosa, canal anal, tumores pélvicos, mama obesa ou que se tenha de irradiar a cadeia mamária interna, e todos os pacientes que necessitem de reirradiação.

Radioterapia Intra-operatória

Aplicada em apenas uma fração, de dose alta, com feixe de elétrons, no leito tumoral após a retirada por cirurgia total ou parcial do tumor. Esse procedimento é realizado em uma sala cirúrgica no Departamento de Radioterapia. Após o tumor ser ressecado, coloca-se um cone para dirigir o feixe de radiação, que é fixado ao leito tumoral. O paciente é levado à sala do acelerador linear, onde são feitos o alinhamento do feixe e o cálculo da dose, procedendo-se em seguida à irradiação. Depois, o paciente volta à sala cirúrgica para conclusão da cirurgia. Indicada para tumores recidivados em abdômen e pelve, com contraindicação para radioterapia externa ou que já tenham sido irradiados. Também usada em alguns casos de tumor inicial de mama.

Radiocirurgia (RCir) ou Radioterapia Estereotáxica Fracionada (REF)


Uma extensão da radiocirurgia, liberada em fração única (RCIr) ou frações que podem variar de 2 a 30 (REF). Utiliza sistema de imobilização próprio, não rígido, propiciando, assim, a precisão da estereotaxia e permitindo às estruturas normais adjacentes repararem o dano sublateral. Geralmente indicada para lesões maiores de sistema nervoso central (SNC) e base do crânio. Tanto a radiocirurgia quando a radioterapia estereotáxica fracionada utilizam sistemas de referência tridimensionais para localização e tratamento precisos. A técnica permite margens milimétricas, devido às altas doses e estruturas nobres próximas. Para o tratamento são usados ângulo sóli

do amplo, para minimizar a dose de entrada e, principalmente, o volume de tecido normal irradiado. A escolha de uma ou outra depende da natureza, tamanho, número das lesões, proximidade com estruturas nobres e condição clínica do paciente.

Braquiterapia

Técnica em que o material radioativo, na forma de sementes, fios ou placas, fica em contato direto com o tumor. A exemplo do que ocorre na radioterapia externa, para realização de braquiterapia é necessária fazer simulação prévia, seja por meio de técnica convencional ou tridimensional. A escolha depende da avaliação individual do caso e do planejamento do tratamento. Indicado para tratar casos de próstata, retinoblastoma e na ginecologia.

IGRT

O Parque de Tecnologia de Radioterapia do A.C.Camargo dispõe também da técnica IGRT (radioterapia guiada por imagem, na sigla em inglês) que, associada à IMRT, tem o potencial de irradiar as células doentes preservando ao máximo os tecidos saudáveis. Aliados ao avanço nas técnicas de imagem, os novos aparelhos permitem visualizar, em tempo real, onde o tumor está. Eles levam em conta, inclusive, os movimentos da respiração do paciente.

Trata-se de um equipamento que acompanha a movimentação do tumor a ser tratado, oferecendo uma "mira" mais precisa e com menos riscos de sequelas.  Dessa forma, a técnica torna possível usar doses de radiação maiores em alvos cada vez mais específicos, num tempo menor. A técnica é indicada para irradiar células doentes nos mais variados órgãos como próstata, cabeça e pescoço, abdômen, reto, dentre outros.