quinta-feira, 5 de maio de 2011

EMOÇÕES! Perceba quando a ajuda é necessária



O modo como cada pessoa se relaciona com o câncer é único e depende de inúmeros fatores, como o grau de percepção da doença, o suporte familiar e social, os recursos de enfrentamento e os traços de personalidade.

A Psico-Oncologia vem estudando as reações diversas e as necessidades emocionais de inúmeros indivíduos. A partir desse conhecimento, estabeleceram-se alguns padrões que indicam um ajustamento saudável.

Identificam-se, de maneira geral, três fases – resposta inicial, distresse e ajustamento – pelas quais passam todos os que recebem o diagnóstico de câncer ou a informação de uma recidiva

Essas fases não acontecem obrigatoriamente de forma seqüencial e podem apresentar-se alternadamente ou ao mesmo tempo, com durações muito variáveis.

A primeira reação é a descrença: você não acredita que aquilo está acontecendo, “a ficha ainda não caiu”. Depois vem um período de distresse, em que sintomas de ansiedade e de depressão se misturam, com duração de alguns dias ou semanas. A seguir e à medida que opções de tratamento e cuidados tomam forma, instala-se a fase de ajustamento.

Nesses momentos iniciais, você pode sentir extrema tristeza, talvez acompanhada por sintomas físicos como:

- Choro constante
- Fadiga e dificuldade de concentração
- Falta ou excesso de sono
- Mudança de hábitos alimentares
- Perda de peso ou apetite
- Irritabilidade

É possível que você se veja:

- Com maior necessidade de amparo por parte de familiares ou amigos
- Confiando menos em suas próprias decisões
- Com dificuldade de se fazer entender
- Reagindo desproporcionalmente a algumas situações
- Sentindo-se frustrado(a) ou contrariado(a) com facilidade

Nem sempre é fácil dedicar atenção aos sentimentos, num momento em que muitas decisões práticas precisam ser tomadas. Porém o cuidado às reações emocionais é importante por diversos motivos:

- Expressar as emoções, ao invés de ocultá-las, promove alívio, e fortalece a saúde mental e física.
- O estresse contínuo por vezes afeta o sistema endócrino (produtor de hormônios) com resultados no sistema imunológico, o que pode retardar o processo de tratamento e cura.
- Há evidências de que o suporte psicossocial prestado por profissionais qualificados tem impacto positivo na qualidade de vida de pacientes ou sobreviventes de câncer.


Além disso, a atenção e cuidado às emoções podem ajudar:

- O fortalecimento de pensamentos positivos como coragem, esperança, auto-confiança e gratidão
- Uma vida mais plena, nos planos físico, emocional e espiritual
- A comunicação de melhor qualidade com a família, amigos e membros da equipe profissional de saúde
- O desenvolvimento de novos recursos de enfrentamento que serão úteis em outras situações de vida
- A compreensão e a elaboração da experiência vivida.

No turbilhão de emoções que podem atingir você, seus familiares e entes queridos, encontram-se alguns componentes quase universais, que apresentamos a seguir.
Reaparecimento de uma doença após determinado período sem sintomas.
Muitas vezes esses sintomas resultam das próprias medicações utilizadas durante o tratamento; no entanto em todas as situações, merecem cuidado e atenção.

• Ansiedade
Os pacientes de câncer participam hoje muito mais ativamente do planejamento de seus tratamentos do que faziam no passado. Isso resulta em maior ansiedade, dada a responsabilidade que assumem nas tomadas de decisão. Para algumas pessoas, o acesso à informação é um modo de aliviar a ansiedade. Se esse é o seu caso, busque fontes confiáveis e lembre-se de que, mesmo na Internet, há muita informação infundada ou errônea. Peça indicação a seu médico ou à ABRALE.

Outra fonte de ansiedade é a restrição a algumas ações que você empreendia anteriormente ao diagnóstico. Nesse caso, procure concentrar-se naquilo que você pode decidir. Cuidados com o corpo, boa alimentação e o exercício dos seus direitos são assuntos que você mesmo(a) pode conduzir com grande autonomia.

Poucas pessoas conseguem manejar sozinhas o imenso estresse de um diagnóstico de câncer. Existem diversos níveis de suporte aos quais você pode recorrer, cada um mais adequado à sua situação específica. Pense em apoio religioso, grupos terapêuticos, psicoterapia, programas de parceiros voluntários, sempre referendados por entidades confiáveis.


• Pensamento positivo
Quando você compartilha o seu diagnóstico com terceiros, pode acontecer de sentir-se pressionado a ostentar uma atitude positiva que não está de acordo com seus medos, ansiedade e mal-estar.

Evidências têm mostrado que o falso otimismo, além de irreal, não tem qualquer efeito positivo nos resultados do tratamento ou sobrevida, embora leigos não afetados pelo câncer freqüentemente procurem encorajar as “atitudes e pensamentos positivos” mesmo que estes não correspondam à realidade interna da pessoa doente.


• Culpa
Várias crenças correntes sobre o câncer podem conduzir à culpa, um peso adicional ao paciente recém-diagnosticado. Você pode sentir-se culpado por ter câncer, por impor esse sofrimento à sua família, por não poder mais desincumbir-se de todas as funções pelas quais respondia antes. Pode culpar-se por ter fumado, por ter-se exposto ao sol ou a outros agentes cancerígenos.

É comum procurar e encontrar respostas sobre os motivos pelos quais alguém tem câncer. Mas o foco na causa pode levar a estresse adicional. Estudos têm mostrado que a auto-incriminação afeta negativamente a capacidade que todos têm para ajustamento à nova realidade.

De fato, não há benefícios em se voltar para o passado. Você tem toda a capacidade de deter esse processo de culpa, se reconhecer que não pode mudar o que já foi, mas pode concentrar-se no que está por vir.

A culpa é uma barreira considerável à vivência plena de sua experiência. E aos bons resultados do seu tratamento. Por esse motivo, se este for o seu caso, procure ajuda terapêutica.


• Depressão
Estudos mostram que um quarto dos pacientes de câncer apresenta desordens de depressão e ansiedade durante o tratamento.

Sentimentos de raiva ou tristeza por ter câncer são esperados e podem mesmo ajudá-lo no enfrentamento da doença. No entanto, se esses sentimentos forem persistentes e prolongados, acompanhados por desesperança e sensação de abandono, comunique-os ao seu médico e busque ajuda profissional especializada.

Em casos de depressão leve ou moderada, a psicoterapia se mostra eficaz. O entanto, em casos severos, é necessária a assistência psiquiátrica combinada.

Lembre-se de que depressão é uma desordem cerebral tratável. É uma doença como o câncer ou outra qualquer, portanto não se sinta constrangido ou inibido em procurar ajuda profissional.


• O que pode ajudar
Conversas abertas com amigos e familiares são caminhos para o entendimento e a compreensão.
O compartilhamento das responsabilidades e tarefas do cotidiano reduz a sobrecarga ao organismo que empreende uma importante luta contra a doença.
Contato com outros pacientes e familiares pode ser uma experiência inspiradora
O registro regular das suas emoções e dos passos do tratamento facilita a organização e o planejamento do que virá.
A ABRALE dispõe de programas que podem ajudá-lo(a). Veja algumas possibilidades em “Como podemos ajudá-lo”, neste site, ou entre em contato com nosso serviço de atendimento ao paciente pelo 0800-773-9973