terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Tratamento Odontológico aos Pacientes com Doenças Hematológicas

Atendimento gratuitoCAPE - FOUSP (Faculdade de Odontologia da USP)
Av. Prof. Lineu Prestes, 2227 - Butantã, São Paulo - Cidade Universitária.
Às terças, às 9h, e às quartas, às 14h.
É preciso marcar consulta pelo telefone: (11) 3091-7859





Ortodontia

1. Quais são as doenças hematológicas mais comuns na infância e como elas alteram a cavidade bucal?

Mais de 50% das doenças hematológicas na infância são as leucemias ou os linfomas. Nessas condições, ocorrem algumas mudanças na cavidade oral: hipertrofia gengival com hematomas, dor e infiltrações, úlceras e palidez da mucosa e linfadenopatia (aumento anormal das glândulas linfáticas).

2) É possível realizar o tratamento ortodôntico em crianças com doenças hematológicas?
As pesquisas clínicas demonstram que é mais prudente não instalar o aparelho ortodôntico (aparelho fixo), devido às limitações causadas pelas drogas e pelos procedimentos terapêuticos. Aparelhos ortopédicos (móveis) e/ou contenção com forças leves podem ser utilizados desde que a criança esteja estabilizada hemodinamicamente e o profissional tenha conhecimento da terapia utilizada e das modificações bucais nesses pacientes, além da avaliação de exames laboratoriais.


3) Como devem ser atendidos os pacientes já submetidos ao tratamento ortodôntico e com diagnóstico de doença hematológica?
Alguns autores acham prudente a remoção do aparelho ortodôntico (fixo) e a instalação de uma contenção apropriada. Após completar a terapêutica adequada para a doença e apresentar dois anos de estabilidade no caso, o tratamento ortodôntico pode ser feito. É importante estar atento às características do aparelho de contenção para evitar trauma e irritação da mucosa, monitorando a saúde periodontal a fim de prevenir infecções. O cirurgião dentista deve ter conhecimento das drogas que fazem parte da terapia e de suas modificações na cavidade bucal.

Implantes odontológicos

1) Os implantes são contra-indicados para pacientes hematológicos?
Não, as contra-indicações para implante são as convencionais: doenças com deficiência de formação de colágeno e falta de suporte ósseo para a colocação dos implantes. Nos pacientes hematológicos, o importante é o momento clínico: se o paciente estiver na remissão completa da doença, não há contra-indicação. Se a doença estiver em atividade e houver a necessidade de realização de radioterapia ou quimioterapia, existe a possibilidade de processos infecciosos no local do implante que podem prejudicar a condição clínica do doente.

2) Como saber se o paciente está pronto para receber o implante?
A comunicação com o médico para conhecimento da condição clínica do paciente é fundamental. A avaliação laboratorial (hemograma e coagulograma) é uma ferramenta importante no momento da escolha desse tipo de tratamento. Se essas condições são favoráveis e todos os cuidados convencionais para a colocação dos implantes estiverem adequados, o paciente pode receber os implantes.

3) Qual a principal complicação?
É a mesma de qualquer cirurgia de implantes: a infecção, à qual os pacientes estão mais suscetíveis por estarem imunossuprimidos. É por isso que a presença da doença e seu tratamento são limitantes para esse tipo de tratamento para reabilitação oral.

Próteses móveis

1) É necessário algum cuidado especial ao paciente com linfoma ou leucemia?
Em períodos pós-quimioterapia, o paciente hematológico apresenta uma condição de pancitopenia (na qual há a redução da produção de células sangüíneas) e, por isso, a predisposição a infecções e sangramentos. Portanto, qualquer situação de trauma bucal pode levar o paciente á hemorragia, além de deixá-lo suscetível a quadros de infecção disseminada por via hematogênica.

2) Como prevenir as infecções em próteses removíveis?
As principais infecções em portadores de próteses removíveis são as infecções fúngicas, que são infecções oportunistas que ocorrem em situações de imunodepressão e higienização inadequada. A orientação é reduzir o tempo de uso da prótese nessas condições (ex.: dormir sem prótese). A higienização da prótese deve ser rigorosa, além da limpeza de todas as mucosas onde a prótese se assenta. O uso de pastilhas efervescentes para a limpeza das próteses tem sido um recurso auxiliar bastante eficaz.

3) Há algum cuidado especial quando o paciente tem mucosite oral?
Sim, a mucosite oral decorrente da quimio e/ou radioterapia leva o paciente a um quadro de ulcerações bucais que dificulta o uso da prótese e da mastigação, além de predispor a quadros infecciosos. Deve-se orientar o paciente a: utilizar a prótese somente nas refeições, intensificar os cuidados de higiene bucal e da prótese e utilizar solução bactericida e bacteriostática não agressiva à mucosa oral, como a solução de clorexidina aquosa.

4) É possível evitar o traumatismo bucal?
Sabe-se que os traumatismos em portadores de próteses móveis são freqüentes, mas um bom planejamento na elaboração da prótese e a orientação quanto ao tipo de alimento a ser ingerido pode ajudar a reduzi-los.

5) A freqüência de avaliação odontológica é diferente nesses pacientes?
Sim, se orientamos os pacientes convencionalmente a virem ao consultório a cada seis meses, precisamos acompanhar esse grupo de pacientes com maior freqüência, a cada três meses. Se houver complicações bucais como a mucosite, pode ser necessária uma avaliação semanal.

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